São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre morar longe

Um dos sentimentos novos pós mudança é a preocupação quando alguém lá de Fortaleza tá doente.

Fora meus pais, irmãos, etc, nessa minha idade - tá, ainda não sou tão velha assim, tenho 26 - ainda tenho a sorte de ter um avô materno e uma avó paterna, ambos na casa dos 80.

E na mesma semana (semana passada), um levou uma queda no banheiro (nada demais, só um corte pequeno no dedo) e a outra (aquela que faz caça-palavra) teve um AVC isquêmico.

As sequelas foram pequenas, ainda bem, mas a sensação de estar do outro lado do país é frustrante. Não poder ver, abraçar, falar, averiguar a situação pessoalmente é terrível.

Quando a minha outra avó faleceu, ano passado, eu ainda estava em Fortaleza, mas o husband já estava morando em Osacity, e estava no interior de São Paulo, viajando a trabalho, e sequer pode ir ao enterro.

Quando os nossos sobrinhos e afilhados ficam doentes (o mais novinho teve uma pneumonia mês passado, uma agonia só...), a gente também fica aflito, querendo notícia... Além disso, nunca sabe se estão contando tudo ou aliviando um pouco pra nos poupar...

E nessas horas a saudade aperta, sabe? Você percebe, com o perdão do clichê, a vulnerabilidade da vida.

Outro dia, um senhor veio consertar o fogão daqui de casa, que desde que a gente tinha comprado tinha problema no forno (isso já fazia quatro meses). Já tinham vindo outros técnicos, consertado outros problemas, etc, e nada resolvia. Resumindo, aquela já era a quarta visita. O homem trocou o acendedor do forno, inteiro, colocou um novo, e não funcionou. Sabe o que ele disse? Que o acendedor estava ok, mas infelizmente a válvula do gás tinha quebrado. Quando eu falei que era muita coincidência, ele falou o seguinte: "Ô Dona, isso aqui é igual à gente, igualzim uma pessoa: nós tá aqui bonzim, de repente, puff".

Eu posso com uma dessas?

Agora é sério...

Todo dia, simplesmente TO-DO dia eu ligo lá pra casa (obrigada, operadoras de celular que fazem promoções maravihosas!!!). É um jeito de tentar diminuir a distância.

Enfim, como é que a gente faz pra se preocupar menos, hein?

---xxx---


Sei que às vezes uso palavras repetidas,
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Um comentário:

Dinorah disse...

Lu,
Em primeiro lugar, adoro o seu bom humor e inteligência - adoro estes relatos do dia a dia, no caso o do "homem do fogão". Com relação a familia, é assim mesmo minha filha. A gente está sempre preocupada com um ou com outro, mas aos poucos vamos tomando o nosso rumo. Não amando menos, mas entendendo que cada um vai levando a sua vida. Acho bonita esta sua preocupação, uma bela demonstração de amor.
Um beijo linda!
Dinorah