Segundo a psicologia de botequim do meu amado husband, eu gosto tanto da de cabelos rebeldes porque ela também gosta de mim e aí eu me sinto valorizada. (Leia nas entrelinhas: para ele, eu sou carente e preciso de aprovação). E mais: a implicância dela com ele é ciúme de mim.
Bom, mas eu disse isso pra contar como eu finalmente cheguei à conclusão de que sim, ela me ama.
Sexta-feira passada ela arrancou o primeiro dentinho. E segundo o pai dela, passou o dia inteiro falando na madrinha, perguntando quando ia vê-la pra mostrar-lhe o dentinho.
Ah, eu já disse que uma vez, na oração do colégio, ela foi lá na frente, rezou o Pai Nosso e agradeceu a Deus pelo pai, pela mãe, pelos irmãos e PELA MADRINHA? Rá! Dorme com essa!
Voltando ao último final de semana...
No sábado, numa demonstração meio infantil (oi? Ela é criança!) de ciúme, ela disse que não, que não queria que eu colocasse um bebê na minha barriga.
Mas isso tudo é besteira, é comum. O que me faz especial é outra coisa. Domingo, ela brincando de implicar com meu digníssimo marido. Eis o diálogo:
Ele cantando: “a cabelos rebeldes é fedorenta... lá lá lá lá lá” (vejam a maturidade de um semi-careca homem de 28 anos).
Ela: “o tio João é peidão-ão-zão-ão”.
Ele continua: “o pai dela peida, lá lá lá!”.
E ela concorda “o meu pai é peidão-ão!”. (Esse detalhe é muito importante: o pai dela peida sim).
E aí o husband diz: “a madrinha peida, lá lá lá...”.
Ela (sem cantar): “não! A madrinha não peida, tio João! Pára!”
Viram aí o que é ter moral?
Moral tem essa história: ser amada é ser colocada à altura de seres não escatológicos. Ou: ser amada é ter uma rolha no fiofó.
* A foto é do primeiro dia de vida.