São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Safári na cidade grande - Parte II*


E depois de quase two months em Fortal, temporada de doenças e otras cositas más... como diria Roberto, eu cheguei em frente ao portão à porta, meu cachorro me sorriu latindo minha planta me olhou já morta...

Voltei à rotina casa-aula-casa.

E recebi visitas familiares muito boas, vindas diretamente de Fortaleza.

Mas agosto, como diz minha vó, é o mês do desgosto, e eu tive meu lindo carrinho furtado.

E aqui as pessoas não acham o carro da gente. E aqui você faz o BO pela internet, mesmo sendo um furto de um carro. E aqui na página da Secretaria de Segurança Pública já tem um link "BO - furto de veículo". Como se fosse o primeiro lugar do ranking dos mais acessados, sabe? Tipo no site da Receita Federal tem lá "Restituição"? Porque isso é básico aqui. E serviu pra que eu me lembrasse de onde eu tô morando. E serviu para que eu agradecesse a Deus pela minha vida e pela minha integridade física.

E serviu pra que eu andasse de ônibus novamente. Shame on me. Não lembro há quantos anos não andava de ônibus. Fui pra parada (aqui eles chamam de "ponto", eu acho), fiquei lá, à beira do meio-fio (aqui eles chamam meio-fio de "guia" - oi? guia turístico?).

Fiquei observando as outras pessoas da parada. Ok, elas entravam pela frente. Eu não ia mais pagar o mico de entrar pela porta errada e o trocador olhar pra minha pança e perguntar se eu tava grávida e não podia passar na roleta.

O husband tinha dito que eu pegasse qualquer um que tivesse a placa "Via Largo de Osasco", mas eu tava com medo de entrar sozinha... Fiquei esperando alguém dar sinal para um ônibus que tivesse a bendita placa, mas ninguém deu, e finalmente tomei coragem e subi num azulzinho, que tava até bem vazio.

Beleza. Era só dar o sinal depois do viaduto, seguindo as instruções recebidas.

Mas antes tinha que pagar, né? E eu tinha saído de casa só com uma bolsinha de moedas, com 10 reais dentro. Só que a Lei de Murphy é minha companheira, lógico, e ela não ia me abandonar assim.

O fecho da bolsinha travou, e eu tive que ficar indo e voltando com ele. E a nota rasgou. Rá!

Entreguei a nota de 10 reais pra trocadora e ela não recebeu. Disse que eu ficasse na frente mesmo e por lá descesse, que ela não ia pegar o dinheiro e depois ficar no prejuízo.

Fiquei morrendo de vergonha, pedi desculpas mil vezes. Passou o viaduto, dei sinal, desci. Encontrei o husband, fomos ao cartório, reconhecemos firma de 40 mil documentos e rumamos à seguradora.

Outro ônibus e lá vai o doido do marido querer entrar por trás. O motorista não abriu, porque, além disso, a gente tava na parada errada (aqui tem tanto ônibus que tem que segmentar as paradas - não dá pra todo mundo parar num lugar só).

Mas conseguimos pegar o nosso busão. O trocador perguntou onde a gente ia descer. Como assim? Te interessa, meu fí? Mas o husband respondeu mesmo assim. Fiquei olhando aquela marmota calada. Depois o marido - O expert - me explicou que dependendo do ponto onde você desce, o preço da passagem é diferente. Ah, tá, porque é bem fácil pro trocador esse controle, né?

Lógica ilógica de São Paulo e região metropolitana: não vou ter tempo de me acostumar com você. Felizmente ou infelizmente?

*O safári parte I está aqui.
** Fotinha tirada no Zoo de Sampa. Lá tem um safári (de verdade) bem legal.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vou de táxi...

E hoje eu pedi um táxi pra ir pro trabalho.
Entro no santana e me deparo com um pequeno ser de metro e meio, usando óculos escuros, bigode e boné, escutando "camas separaaaadaaaas, beijos sem caloooooor, camas separaaaadaaaas, fim do nosso amoooor" (quem canta isso?).
Explico o caminho, o homenzinho vai dirigindo, cantarolando, feliz que só ele, com a mão esquerda batucando no volante, fazendo o relógio balançar, mão direita sobre a marcha.
Começa outra música: "menina veneno, o mundo é pequeno demais pra nós dois". Essa ele sabia mais ainda a letra. E eu também. Já tava quase cantando junto, tive que controlar a minha veia karaokeística.
Termina a música, entra o locutor:
"Um alô pra galera do Jereissati.
Um salve para os ouvintes do Jóquei Clube.
E Cleise Daiane ofereceu esta música para os amigos da.. da...
Atenção... Cleise Daiane ofereceu esta música para os amigos da BUNDS LINGERIE, no Conjunto Ceará. É Bunds Lingerie mesmo..."
Chego ao trabalho, pago o táxi e fico pensando: se eu fosse a dona da Bunds Lingerie, ia abrir uma filial no Papicu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sorte

Na semana em que a vovó Maria morreu, fiquei meio anestesiada, grogue. Acho que é normal.

Aí na quinta e na sexta da mesma semana, forças ocultas, como diria o Jânio Quadros, agiram para me tirar do sério. E só o luto pra me fazer passar por essas sem dar muita importância. Mas vamos às histórias.

Episódio I*

Na quinta-feira eu tinha uma consulta às 11h30min. Ia pro trabalho mais cedo, pra poder sair no meio do dia e tal. Saí de casa, passei no vovô pra dar aquele alô básico e me toquei que tinha esquecido os dois celulares (três chips, viu?) em casa.

"Tem nada não, eu volto pra pegar, é perto..."

"Aproveite e bote gasolina, que tá acabando!" - Disse a minha santa mãezinha.

E como eu herdei o semi-alzheimer dela, é óbvio que não passei em casa pra pegar os celulares.

Até me lembrei de colocar combustível, mas me confiei naquela luzinha maldita, sabe, que acende e ainda fica lá, quilômetros e quilômetros? É... mas o meu carro era um 1.0, Deus-meu, e o do papai-que-ele-me-emprestou-com-todo-amor-e-é-uma-máquina é 2.0.

E o resto é fácil deduzir.

Eu já tava derretendo, sem ligar o ar condicionado e aproveitando todas as banguelas (as duas leis de newton para a lisei... para quem está sem muito combustível - ei, mas as leis de newton não eram três?).

Quando faltavam uns cinco quarteirões pro posto, levantei os vidros e larguei o dedão no botão do ar. Foi mais rápido que a luz. Instantaneamente o carro começou a tossir meu amigo**...

E aí, o que eu pensei, o que eu pensei? "Vou ligar pra mamãe!"

Rá!

Como é que liga, sem nenhum dos meus dois celulares? Sem nenhum dos meus três chips? Até então eu nem tinha me tocado que tinha esquecido de voltar pra pegá-los.

A sorte é que, com o perdão do clichê, ainda existe gente boa nesse mundo. Dei o prego em frente a uma lojinha e a dona me emprestou o celular dela pra que eu ligasse, nem deixou eu ligar a cobrar. E aí mamys, minha personal-chapolin-colorado, apareceu com duas garrafas de refrigerante, uma de fanta laranja e outra de fanta uva***, cheinhas de álcool pro papi-móvel.

E pra "encher o tanque" sem derramar álcool na lateral do carro? Nam. Ontem meu santo marido enfim comprou uma flanela, pedaço de pano sagrado que poderia ter me poupado correr feito uma louca atrás de água, depois dessa história toda, pra pintura do carro não ficar manchada.

Depois, respirei e segui meu caminho alegre e contente para sempre, ou pelo menos até o episódio 2.


Episódio 2.

Na sexta a sorte estava virando. Faltou energia quase a tarde toda no trabalho (que disposição, lutty) e eu ia aproveitar pra ir fazer um exame que há séculos tava querendo fazer.

Saí então do trabalho, mas tinha milhares de carros me trancando no estacionamento.

Peguei então uma carona de uma amiga muy querida, que ia passar pertinho da clínica, e programei voltar de táxi e pegar o carro depois.

Quando cheguei ao balcão da clínica, entreguei a requisição e cadê a carteira do plano de saúde, cadê a identidade, cadê T-U-D-O? Tinha deixado a carteira, é, a carteira, grande, com tudo, tudo, dentro, em casa. Por que as mulheres têm que trocar de bolsa? - Eu já disse que herdei o semi-alzheimer da minha mãe (se é que existe herança de pessoa viva)?

A mocinha da recepção, muito boa: "A sra. pode deixar um cheque caução."

Mas como, se eu tinha esquecido a carteira? E putz... Como é que eu ia voltar pra Procuradoria sem dinheiro nenhum... Que m. E das grandes.

But... O Chaves que havia em mim disse: "Não contava com a minha astúcia!"

Mamys, na antevéspera, tinha deixado cair um talão de cheque num hospital pertinho do meu trabalho (vocês duvidaram quando eu disse que ela tinha semi-alzheimer) e justo naquele dia eu tinha ido pegar. E foi nessa sexta-feira que eu falsifiquei o primeiro cheque da minha vida... Ok, prometo ser o único.

Depois, família unida, ai que maravilha... Um primo tava voltando da praia, passou lá onde eu tava fazendo exame e me deixou no trabalho de volta...

Deus meu, obrigada!

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* Será que eu tenho TOC de falar as coisas enumerando?

**Reconheci na hora o prego de gasolina porque esse não foi o primeiro... All right. O primeiro, shame on me, foi por pura liseira mesmo.

*** Lembro dos sabores porque faz oito meses que não tomo nenhum refrigerante (promessa) e fiquei meio hipnotizada por meio segundo quando vi a mamãe chegar. Se aquelas garrafas não estivessem puro a cachaça...

**** (Não volte pra procurar porque não está no texto) Foi mal pelo post gigante. Meu marido diz que sou prolixa. Será?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Safári na cidade grande

E aí que eu fui pra São Paulo, mas não calculei o percurso de volta.
Resul: era quarta-feira, dia de rodízio pro nosso carrim, tive que encarar um trenzão, pra começar... Ainda bem que fui só, porque não cabia mais ninguém, impossível, nem o husband.
Pense num Conjunto Ceará-Papicu lotado às 7 horas da manhã. Agora isso aí, multiplique sem nem por quanto. Com o perdão do clichê, você não entra, meu amigo, você é empurrado. Uma falta de respeito t-o-t-a-l.
Depois de pegar o terceiro trem (é, garoto, o primeiro passou direto - como assim? - e o segundo não deu pra entrar), passei uns vinte minutos beeem longos até descer, ou ser empurrada, de novo. Detalhe, isso tudo com uma mala.
Depois, metrô-baldeação-outro metrô.
Rodoviária. Ônibus. A melhor parte do percurso certeza. Até porque avião hoje em dia, vou te contar, pior que ônibus dez vezes. E o que me aguardava estava ES-PE-CI-AL!
Cheguei ao aeroporto. E teve que rolar uma troca de portão, é claro, se não não seria Guarulhos.
Fui pra um daqueles portões de saída de ônibus... Outro ônibus pra ir pro avião...
---xxx---
Pausa para suspirar: lembrei que vi uma ex-professora minha da faculdade (calma, eu não suspiro pela teacher), que agora é uma-advogada-milionária, e ela tava usando um casaco de couro simplesmente lindo. Não era assim, um couro normal, era trabalhado. Enfim, acho que de fato ela tá meio milionária mesmo.
---xxx---
Peguei o busão pra ir pro avião (a rima foi sem querer).
Eu, pra variar, só tinha escolhido a cadeira na hora do check in. Não tinha janela, nem corredor. "Mas tudo bem", pensei, como diz o Tiririca, "pior do que tá não fica".
Rá.
E foi aí que a Lei de Murphy bateu o pé e disse: "garota, não vai ser tão fácil assim se livrar de mim, não!".
Óóóóbeeeveeeo que no corredor, no assento ao lado do meu, tinha que ter um senhorzinho assim, de uns 160 quilos. Rapaz, parece mentira. Mas não é. O cara era tão grande que precisou de um extensor pro cinto, pode?
Depois chegou um playboyzim Abercrombie, sentou na janela e dormiu a viagem inteira.
E eu fiquei lá, entalada.
De repente veio o comissário de bordo, todo simpático, mas não era comigo, era com o meu vizinho grandão. "Senhor, o senhor deseja mais alguma coisa, senhor? Infelizmente, senhor, não temos outro assento pra lhe oferecer, senhor, mas o que o senhor estiver precisando, é só pedir, senhor!"
Que solícito! Todo prestativo, politicamente correto com o homenzão, e esquecendo de mim, a esmagada (tudo bem que eu não sou nenhuma olívia palito, mas, poxa, quem tava merecendo outro assento era eu!).
Enfim, desencanei, relaxei e me preparei para a viagem, no maior estilo Joseph Climber.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas...
E ainda tive que aguentar muita, muita turbulência, tipo, uns 40% do tempo de voo.
E você sabia que a palavra "voo" não tem mais acento?
Assento, acento... Podre essa cacofonia...