São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Armador de rede parafusado

Era uma vez um casal de cearenses que foi morar em um apartamento que não tinha nenhum armador de rede. E, como bons cearenses, precisavam de um armador (mentira, eles nem tinham costume de dormir de rede, mas o pai da moça insistia loucamente pra que ela colocasse um armador lá ou ele não iria visitá-la).

Partindo de premissas básicas (armador bom é armador chumbado, não se confia em parede de tijolo branco, não se coloca mais de duas redes no mesmo armador, rede de nylon num presta pra nada, etc), foram adiando a instalação dos armadores, já que tinha que chumbar, e pra isso comprar areia, cimento, etc...

Até que outro casal deu a ideia bri-lhan-te de colocar um armador parafusado, garantindo que sim, era seguro. E lá foi a doméstica esposa comprar o tal armador, afinal bastava uma furadeira (e alguém que soubesse usar).

Quando o pedreiro contratado chegou pra instalar disse que a bucha que vinha na embalagem era pequena (6cm) e lá foi a moça comprar uma bucha maior (10cm - "vai atravessar a parede"... ela pensou). Olha a diferença no calibre (ui):



Comprou também uma "carrapeta" pra ajeitar a torneira da cozinha que o bombeiro hidráulico (que era a mesma pessoa) também ia consertar.

Quando ela voltou, o marceneiro (ainda o mesmo cara, que era serviços gerais mesmo) tava colocando o olho mágico e a chave tetra da porta e a vizinha de frente tava esbravejando "que barulheira é essa?" no sotaque mais paulistano-corinthiano-mano possível. Incrível a sutileza das pessoas... Tão fácil ela se aproximar e perguntar se ia demorar, se ainda ia fazer barulho... Enfim.

Iniciou-se o processo de colocação dos armadores. O primeiro par pra varanda. A primeira peça beleza:



A segunda... well. Havia um vergalhão de ferro no meio do caminho. No meio do caminho havia um vergalhão de ferro. Ainda tentaram de novo. Mas não deu. Olha que beleza:



Foram pro armador do quarto. O primeiro, pra iludir, tranquilo. O segundo pegou o vácuo do tijolo (sabe aquele tijolo vermelho, furado?). O Seu Júlio (v. bombril), na maior boa vontade, arrochou as buchas, entortou os parafusos e se pendurou no armador "pra testar". "Ficou bem firme". Rá! Ele pesava cinquenta quilos. E o casal... well, o casal, digamos, estava um pouquinho acima do peso. Bastou a mocinha armar a rede, fazer força - com os braços, porque sentar nem pensar - pra baixo e o armador pediu penico:


E assim o casal prosseguiu sem armador, sem rede, mas com um fio de esperança. Seu Júlio, o pedreiro-bombeiro-marceneiro, falou que chumba os armadores por quarenta reais e ainda traz a areia que ele vai roubar da obra onde tá trabalhando vai pedir ao engenheiro pra quem trabalha (Seu Júlio, por que não falou antes?).

E aguardem as cenas dos próximos capítulos...

Um comentário:

Dinorah disse...

Ai, Ai! Este negócio é complicado! Sorte do casal que no meio do caminho não havia uma instalação hidráulica!
Boa sorte para o chumbamento!
Dinorah