São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Saquinho da Blue Man - Parte I

Depois de quase três anos de casada, mamãe resolveu me devolver umas coisinhas, minhas, só minhas, que ainda estavam por lá.
Não daria pra escrever em cem posts o que tinha nessas caixas.
Vou preparar a mudança pra Sampa e acho que vou levar todas essas coisas na mão, porque o valor delas... é simplemente alto demais...
E hoje escrevo sobre uma pequena parte dessas lembranças. Escrevo sobre uns papéis que estavam acomodados dentro de um saquinho de biquini da Blue Man. O dito saquinho, por sua vez, estava dentro de uma caixa de sapatos, que estava em um lugar qualquer da casa da mamãe.
No saquinho havia cartas. Sim, cartas, pois naquele tempo (e nem faz tanto tempo assim) se escreviam cartas.
A mais antiga, de quando eu fazia a 5ª série, foi escrita em uma página arrancada da minha agenda da época, que tinha na nota de rodapé a seguinte frase: "só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos: conservar os velhos". Escrita por quem se intitulava "best friend 4ever". No verso, uma foto do Tom Cruise cortada de uma revista.
Um bilhete da mesma amiga, dizendo que eu tinha que ir pra "Mustick" (ê, bons tempos, quando a boate Mucuripe era de fato no Mucuripe, e eu ainda frequentava a matinê de 6 da noite do domingo). Tinha que ir pra Mustick, porque lá era o lugar perfeito pra encontrar o paquera. E num é que aconteceu do jeitim que ela tinha dito? Essa foi a primeira de muitas amigas Larissas que eu tive. E hoje, quando eu penso em um nome de menina para minha futura filha sempre penso em Larissa "porque todas as minhas amigas Larissas são legais!". Ah, ela faz aniversário no dia do meu aniversário de casamento (ou eu casei no dia do aniversário dela?). Ah! E pra onde ela foi esse mês? Pra onde, pra onde?
Duas cartas eram do "Baiano", namorado da minha melhor amiga da 8ª série (essa o mesmo tempo que separou vai unir, em breve, espero que não apenas geograficamente). E a gente se chamava de cunhadinho e cunhadinha. Ele, lá pertinho de pra onde eu tô indo, numa escola militar, escrevendo sobre a saudade dos amigos, e, é claro, sobre a saudade da minha melhor amiga. O envelope era até timbrado com o logo da academia.
Outra carta era na verdade um cartão, de Feliz Natal. Esse era de outra amiga que também tá morando praquelas bandas.
Uma carta de papai, não datada, dizendo o quanto estava triste por eu ter dito que tinha vergonha dele (sim, eu tinha crises de rebeldia).
Uma carta "de mim para mim mesma", em março de um determinado ano, em que eu apenas reclamava da vida e colocava pra fora todos os meus enooormes problemas. Fazer o quê, se pelo menos pra mim eles eram grandes mesmo?
Outra carta "de mim para mim mesma", no 6 de janeiro do ano seguinte, resumindo o ano anterior como "o mais educativo da minha vida". Ah, as coisas que a gente pensa aos quinze anos... Essa não tava escrita a mão, mas sim digitada, em arial 12, provavelmente num dos primeiros computadores que eu tive. E falava do primeiro "fica", dos amigos novos, das amizades retomadas... As coisas tinham mudado bastante desde a carta anterior.
Uma carta da amiga de bsb, falando daquele por quem ela estava apaixonada. Ela ainda amaria ao longo de pelo menos oito anos. Foi pra mim que ela falou pela primeira vez que gostava dele. Ela só o beijaria às vésperas do meu casamento, oito anos depois.
E havia bilhetes, desses assim que a gente escreve despretensiosamente, sem imaginar que um dia eles irão cair no nosso colo, amarelados pelos anos, e nos farão mergulhar tão gostosamente nos tempos idos que não voltam.
E três bilhetes eram daquela melhor amiga da 8ª série. Bilhetes grandes, de folha inteira, com letras garrafais dizendo o quanto me adorava.
Dois bilhetes de um amigo, aspirante a pichador (de cadernos). Letras estilosas, que na época eu com certeza entendia, mas que, hoje, não transparecem mais do que garranchos. Assinatura, logicamente, com o pseudônimo. Identificação da pseudogangue: "servos do espírito". Não me pergunte o que significava isso.
Um bilhete, também de folha inteira, da então mais nova amiga da sala 105 e do Ibeu. Esse era um paratodas (rodava entre várias pessoas), direcionado ao G5 que formava as "Spice Girls" (que breguice, meu Deus!). E eu era uma delas. E a coincidência: essa amiga tá namorando um cara de onde, de onde?

....to be continued

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"Alguma coisa acontece no meu coração

Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João..."

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