São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Safári na cidade grande - Parte II*


E depois de quase two months em Fortal, temporada de doenças e otras cositas más... como diria Roberto, eu cheguei em frente ao portão à porta, meu cachorro me sorriu latindo minha planta me olhou já morta...

Voltei à rotina casa-aula-casa.

E recebi visitas familiares muito boas, vindas diretamente de Fortaleza.

Mas agosto, como diz minha vó, é o mês do desgosto, e eu tive meu lindo carrinho furtado.

E aqui as pessoas não acham o carro da gente. E aqui você faz o BO pela internet, mesmo sendo um furto de um carro. E aqui na página da Secretaria de Segurança Pública já tem um link "BO - furto de veículo". Como se fosse o primeiro lugar do ranking dos mais acessados, sabe? Tipo no site da Receita Federal tem lá "Restituição"? Porque isso é básico aqui. E serviu pra que eu me lembrasse de onde eu tô morando. E serviu para que eu agradecesse a Deus pela minha vida e pela minha integridade física.

E serviu pra que eu andasse de ônibus novamente. Shame on me. Não lembro há quantos anos não andava de ônibus. Fui pra parada (aqui eles chamam de "ponto", eu acho), fiquei lá, à beira do meio-fio (aqui eles chamam meio-fio de "guia" - oi? guia turístico?).

Fiquei observando as outras pessoas da parada. Ok, elas entravam pela frente. Eu não ia mais pagar o mico de entrar pela porta errada e o trocador olhar pra minha pança e perguntar se eu tava grávida e não podia passar na roleta.

O husband tinha dito que eu pegasse qualquer um que tivesse a placa "Via Largo de Osasco", mas eu tava com medo de entrar sozinha... Fiquei esperando alguém dar sinal para um ônibus que tivesse a bendita placa, mas ninguém deu, e finalmente tomei coragem e subi num azulzinho, que tava até bem vazio.

Beleza. Era só dar o sinal depois do viaduto, seguindo as instruções recebidas.

Mas antes tinha que pagar, né? E eu tinha saído de casa só com uma bolsinha de moedas, com 10 reais dentro. Só que a Lei de Murphy é minha companheira, lógico, e ela não ia me abandonar assim.

O fecho da bolsinha travou, e eu tive que ficar indo e voltando com ele. E a nota rasgou. Rá!

Entreguei a nota de 10 reais pra trocadora e ela não recebeu. Disse que eu ficasse na frente mesmo e por lá descesse, que ela não ia pegar o dinheiro e depois ficar no prejuízo.

Fiquei morrendo de vergonha, pedi desculpas mil vezes. Passou o viaduto, dei sinal, desci. Encontrei o husband, fomos ao cartório, reconhecemos firma de 40 mil documentos e rumamos à seguradora.

Outro ônibus e lá vai o doido do marido querer entrar por trás. O motorista não abriu, porque, além disso, a gente tava na parada errada (aqui tem tanto ônibus que tem que segmentar as paradas - não dá pra todo mundo parar num lugar só).

Mas conseguimos pegar o nosso busão. O trocador perguntou onde a gente ia descer. Como assim? Te interessa, meu fí? Mas o husband respondeu mesmo assim. Fiquei olhando aquela marmota calada. Depois o marido - O expert - me explicou que dependendo do ponto onde você desce, o preço da passagem é diferente. Ah, tá, porque é bem fácil pro trocador esse controle, né?

Lógica ilógica de São Paulo e região metropolitana: não vou ter tempo de me acostumar com você. Felizmente ou infelizmente?

*O safári parte I está aqui.
** Fotinha tirada no Zoo de Sampa. Lá tem um safári (de verdade) bem legal.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

F5

E a louca que posta neste blog teve um mês, digamos, sui generis.
Com muletas, bota, etc, o regime era de reclusão.
Mas ela tinha uma prova pra fazer em João Pessoa, dia 12. E aí, dia 10, com uma mochila nas costas, foi pra Recife e de lá foi de carro, no sábado, pra Jampa. Pro aeroporto foram ela e seu amor juntos - ele tinha comprado há tempos passagem pra Fortal: iriam passar o Dia dos Namorados separados.
Lá no aeroporto de Guarulhos, como o embarque não foi no finger (aquela passarela de embarque que desemboca direto dentro do avião), os funcionários a levaram (numa cadeira de rodas) e a colocaram num veículo chamado "ambulift", que é um ônibus pequeno com elevador, de onde você sai e entra pela outra porta do avião (pelo outro lado - pela "cozinha"). Foi uma experiência bem diferente. E a louca achou vantagem estar com aquele pé daquele jeito. Afinal, quem você conhece que já andou num "ambulift"? E até conversou com o outro "transportado" - que fizera cirurgia (rompera os tendões - uuui!). E ficou altamente chateada de não estar com a câmera. E prometeu a si mesma que compraria um celular de vergonha quando o seu quebrasse.
Pois é. E aí ela foi fazer a prova. Horrível. Não pelas rampas horrorosas que teve que subir nem pelo fato de ter ficado com a pele assada da fricção das muletas (axilares, never more!). Mas porque foi muito difícil mesmo. Ph... com PH maiúsculo.
E da prova passou direto pro aeroporto de Recife e teve que vir foi pra Fortaleza ver o avô, que tava so bad, e acabou descansando poucos dias depois.
O marido veio pra missa de 7º dia do avô. Passou mal e a médica disse que era virose. E o outro médico disse que era hepatite. E até que enfim no ultrassom apareceram várias pedras na vesícula. E uma pedrinha safada saiu da vesícula e foi prum canal biliar sei lá das quantas.
E a esposa frouxa que tava com medo da faca viu o husband entrar no bisturi assim, da noite pro dia, antes dela.
E a mesma esposa - sim, a blogueira louca - talvez nem precise entrar na faca, pois um outro médico - nem ela aguenta mais tantos médicos - disse que a sua fratura já está consolidada.
E agora ela está em Fortaleza, esperando o marido ficar bom, com pena das camélias que deixou na varanda do ap em Osacity, que vão ficar sem água, as bichinhas, mas achando bom esse mês de matança de banzo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pé quebrado II

Pois é...
Meu pé continuava doendo, mesmo depois da fisio. Médico de pronto-socorro me mandou parar de ir a médicos de pronto-socorro (oi? precisava?). E eu fui finalmente a um ortopedista especializado em fratura no pé.
O carniceiro médico falou que talvez tenha que operar, porque a fratura é antiga (dois meses). Mas achou exagero operar antes de fazer uma última tentativa de "colar" o osso. E me mandou usar uma bota imobilizadora e muletas.
Acontece que a minha aula é na última sala do último andar do último bloco da faculdade.
E andar de muletas é cruel, viu? Agora eu entendo o que a minha avó quer dizer quando diz que "fulano sofre mais que 'suvaco' de aleijado". E além disso o lado que não tá podre sofre com a sobrecarga: dói joelho, dói calcanhar...
Então eu adiei o máximo que pude o retorno às aulas. Mas ontem... não deu. Tive que ir.
1º obstáculo -- Por que ninguém respeita a vaga de deficiente? O husband não conseguiu parar em frente à faculdade porque tinha uma criatura com pisca alerta lá, ligado, fazendo hora...
2º obstáculo -- Por que as pessoas fazem rampas tão íngremes? Desci do carro, depois desci a rampa pra falar com o segurança pra ele abrir o portão pro meu marido entrar com o carro.
3º obstáculo -- O segurança primeiro disse que ele podia entrar na faculdade com o carro, depois disse que não, porque as vagas de deficiente já estavam reservadas (?) Quase eu infarto de raiva. Depois de eu dizer pra ele que eu também tinha direito a uma das vagas, já que estava com a mobilidade reduzida, e que ele ia ter que abrir o portão, ele abriu e finalmente conseguiu uma cadeira de rodas pra mim. E esse tempo todo eu lá, em pé, num pé só, de muletas.
4º obstáculo -- Um piso totalmente irregular até o elevador, e a gente tendo que tomar o maior cuidado pra eu não cair da cadeira.
5º obstáculo -- Elevador quebrado! Rá! Husband então me deixou ao lado da escada e subiu pra tentar conseguir os DVDs da aula (que é via satélite) pra mim. A secretária disse que não podia, pois só fornecia em caso de interrupção do sinal do satélite. Rá rá rá! Não dá vontade de matar? Mas o meu amorzinho, com uma educação e uma paciência que eu não tenho, simplesmente perguntou à moça: "Ah, é? Então providencie outra forma pra que ela possa subir e assistir à aula." Por que eu não sou assim?
Resultado - óbvio que ela não ia me carregar nos braços (e sabe que no tempo em que eu tava lá no térreo, esperando o husband voltar, dois rapazes perguntaram se eu tava precisando subir? Deus abençoe aquelas duas almas caridosas!). Então vai ter que se virar - "mas não garanto nada..." ela disse... jesuis...
E voltei pro carro, meu maridim empurrando a cadeira de rodas (e o povo olhando, uma comédia - imagine quem é cadeirante de verdade).
E é isso, people, rezem por mim, pra eu não ter que entrar na faca, porque eu tô me pelando de medo.

sábado, 21 de maio de 2011

Carta para filhote I

A Marcele escreve pro Thi dela, a Cris Guerra escreve pro Cisco, a Mita escreve pro "Meu Bem", o Woltony escreve pra Luciana... Seria demais escrever para alguém que ainda não existe, mas que me permeia os pensamentos?

---xxx---

Filhote,
Você ainda não veio ao mundo, é verdade.
Mas não se engane. Não só você já existe, como já faz parte da minha vida - aliás: da nossa vida, minha e do seu pai.

Já é por você que fazemos tanta coisa: já nos preocupamos mais com a nossa saúde (imagine só que a mamis até entrou na academia e quebrou um pé por conta disso); já nos alimentamos melhor; o papai já tem um bom emprego e a mamis está estudando loucamente para arrumar um melhor; já nos preocupamos em formar um patrimônio (e ainda nem chegamos aos 30); enfim, são tantas coisas...
Já muitos são os anos em que imaginamos como você será, e, nos últimos meses, tem sido bastante difícil conseguir controlar os anseios de lhe chamar à nossa companhia.

Mas as dificuldades que se têm apresentado e as mudanças intensas na nossa rotina, filhote, simplesmente vão adiando cada vez mais a sua chegada.

E dá um medo, sabe?

Medo de que, quando a gente finalmente lhe chame, você seja um filhote mimado, cheio de vontade e que faça apenas o que der na telha, deixando-nos de cabelo em pé, sem conseguir lhe ter. E que a gente se desgaste e faça mil tratamentos e passe anos gastando os tubos de dinheiro em clínicas de fertilização para que você possa vir ao mundo.

Dá um medinho também, filhote, que seus bisavós não te vejam nascer, que seus avós não tenham mais tanta saúde para te ver brincar e principalmente para brincar com você (tudo bem que quanto a esse último fator rola uma chantagem emocional pesada da Vovó Fê).

Mas que dá medo, amor, dá.

E dá medo, principalmente, de fazer tantos planos e os planos não darem certo.

Porque, como a mamãe ouviu uma vez alguém dizer, se você quiser contar uma piada para Deus, faça um plano. E essa frase se aplica tão bem para a mamãe e o papai... Por tantos motivos...

Então eu só te peço, filhote, que seja um menino bonzinho, obediente, e que, quando o papai e a mamãe pedirem que você venha nos fazer companhia, você entenda que a demora terá sido pensando em você, meu amor, e não se prolongue em vir alegrar a nossa vida, tudo bem?

Um grande beijo de quem já te ama,

Mamãe.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Obesidade e pé quebrado

O que o husband não usa do plano de saúde eu uso por ele. Nããão, eu não estou doente, nem morrendo.
Mas é que de um ano pra cá começaram a aparecer uns probleminhas e aí o plano de saúde vai já já dar as minhas contas. E plano de saúde caro é pra ser utilizado mesmo, concordam?
No auge do estresse da eleição (época de saudade, tolerância zero e muito trabalho), num belo dia eu me vi indo ao hospital com uma taquicardia, é mole? Com 26 anos de idade? "Tá tudo errado", eu pensei... Primeira ordem do médico: "perca peso". Segunda: "faça uma atividade física". Terceira: "trabalhe menos".
Ok, doctor. Suas ordens são ordens.
Diminuí as horas extras - leia-se "parei de trabalhar aos domingos".
Procurei uma nutricionista e uma endocrinologista. Surprise!!! Eu já tinha entrado na faixa dos obesos - meu IMC estava 32.
Pense no choque. Porque eu sabia que não estava mais só uma gordinha - estava gorda. Gorda mesmo. Mas como sempre tive pernão, bundão, peitão, e a cintura proporcionalmente mais fina, dava aquela disfarçada. E acabava que me iludia um pouco.
Mas a balança, baby, não se ilude, e, principalmente, não te engana!
Passada a fase epifânico-depressiva-maysa-meu-mundo-caiu, comecei o regime, mas não tinha tempo para os exercícios. Ok, not so bad, uma coisa de cada vez.
Isso tudo foi em outubro do ano passado.
Após todas as mudanças que quem lê o blog acompanhou, em março desse ano eu comecei a academia (engraçado que aqui em São Paulo eles falham "treinar", enquanto em Fortaleza se fala "malhar" - lá você treina boxe, vôlei, futebol, etc, enfim, treina para uma competição!).
No final de março eu já contabilizava 12 quilos a menos. Em abril eu completei um mês de academia (algo inédito).
Ia fazer uma geral nos médicos: marcar o retorno da endócrino, a consulta com o cardiologista num hospital bonzão daqui, um procedimento a laser com o oftalmo pra corrigir uma falhas que tenho na retina (pra prevenir descolamento), otorrino (pense nas crises de alergia com essa poluição desgraçada daqui), dentista (porque hipocondríaco que é hipocondríaco num deixa escapar nem o tártaro). Aliás, pense na satisfação em morar no lugar que tem os melhores médicos do país!).
Mas aí do nada começou a aparecer uma dor federal no meu pé direito.
Raio X: nenhuma alteração.
Ressonância magnética ("um exagero", na opinião do marido, do professor da academia, da mãe, de todo mundo): fratura de estresse. "É, né... Porque, se tivesse quebrado, você nem conseguiria andar! E, além do mais, apareceria no Raio-X!" Ah tá...
Resul: 20, VINTE! Sessões de fisioterapia, já que eu não tenho nada pra fazer, nada pra estudar, ah meu Deus. Pelo menos não precisou engessar.
Só pra terminar, fratura de estresse, ao contrário do que eu pensei quando abri o exame (vai dizer que tu também num abre? nem o hemograma?), não é causada pelo estresse psicológico (santa ignorância), mas sim pelo esforço repetitivo sobre o osso, ou sobre a musculatura que o reveste, e esta descarrega o impacto sobre o osso, que fica com microfissuras, que, exatamente por serem micro, não são detectadas na radiografia, mas apenas na ressonância. E é muito comum em indivíduos sedentários que iniciam uma atividade física (Rá!). Quem me explicou tudo isso foi o GOOOOGLE! E eu amo a difusão da informação!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Planos?

Outro dia eu tava assistindo ao Altas Horas e o Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaí, disse uma frase que me fez ficar pensando sobre o assunto dias: "Se você quiser contar uma piada pra Deus, faça planos".

A gente veio passar a Semana Santa em Fortaleza, e anteontem eu passei em frente à Procuradoria (onde eu trabalhava até dezembro) e vi como essa frase se encaixa na minha vida.

Em 2004, quando eu fiz o concurso pro meu atual emprego (esse de que estou licenciada), o concurso era nacional e eu não tive pontuação pra passar pra Fortaleza. Acabei me classificando pra São Paulo. À época, como já era concursada em outro órgão, até achava que nem assumiria o novo, porque teria que me mudar pra SP e tudo mais.

Mas quando fui chamada, consegui uma pessoa para trocar comigo (ela iria de Fortal pra SP e eu o contrário) e, resumindo a história - graças à intercessão de Nossa Senhora Aparecida (e isso daria um outro post, certeza) -- em setembro de 2005 fui nomeada, no dia 12 de outubro viajei pra São Paulo e no dia 13 assumi; dia 20 de dezembro do mesmo ano estava de volta, para passar o Natal; dia 27 de dezembro a minha permuta já estava deferida e eu já podia começar a trabalhar em Fortaleza.

Para quem não é do serviço público federal, pode parecer algo simples, mas para quem conhece um pouco dos concursos e do serviço público, é fácil saber o quanto é difícil uma remoção para Fortaleza.

O fato é que eu tinha conseguido e estava muito feliz com tudo aquilo: salário dobrado, emprego federal, casamento sendo planejado, enfim, tudo perfeito.

Os anos passaram, fomos fazendo os nossos planos.

Casamos em 2007, compramos um apartamento em 2008, planejávamos um filho pra 2009... enfim, tudo corria normalmente.

Mas... como a frase do Humberto lá do começo do post disse, começou a piada:

1 - Resolvemos que o husband ia sair do job dele pra estudar pro concurso que queria - adia o menino (tem coisa pra dar mais despesa do que filho?).

2 - A construtora atrasou a entrega do apartamento - adia a mudança e enche o saco da sogra (a gente tava morando lá) por um ano e nove meses, e não por seis meses, como combinado no início - AH! Adia o menino também.

3 - Marido passou! Eba! Mudança pra Osacity (ainda bem, porque podia ser pra lugares bem inóspitos, no interior do interior do país). Ele foi em julho de 2011. Resultado: só morou 6 meses no ap novo. Eu ainda fiquei por lá mais dois meses. Depois fui pra casa da mamãe (meses que renderiam outros posts hilários) e me mudei pra Osa em dezembro.


4 - Resolvemos que, dessa vez, eu ia ficar só estudando: desperdiça a sorte de 2005, e, e, e adia o menino!!!


Pois é (os paulistas diriam "então" - eles falam muito essa palavra, ah, e falam também um palavrão, aquele "fud**" como se fosse uma palavra normal, em todas as suas variações linguísticas)... Mas eu sou cearense e falo "pois é".

Pois é. Só fazem quatro meses. Mas já tenho pressa de passar em outro concurso. Tenho pressa de voltar a trabalhar. Tenho pressa de voltar a ter capacidade econômica. Tenho pressa de voltar pra Fortaleza.

A maior das pressas não precisa ser dita.

A maior das pressas é talvez a única que faça sentido.



*Ilustração - janamagalhaes.com.br

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre morar longe

Um dos sentimentos novos pós mudança é a preocupação quando alguém lá de Fortaleza tá doente.

Fora meus pais, irmãos, etc, nessa minha idade - tá, ainda não sou tão velha assim, tenho 26 - ainda tenho a sorte de ter um avô materno e uma avó paterna, ambos na casa dos 80.

E na mesma semana (semana passada), um levou uma queda no banheiro (nada demais, só um corte pequeno no dedo) e a outra (aquela que faz caça-palavra) teve um AVC isquêmico.

As sequelas foram pequenas, ainda bem, mas a sensação de estar do outro lado do país é frustrante. Não poder ver, abraçar, falar, averiguar a situação pessoalmente é terrível.

Quando a minha outra avó faleceu, ano passado, eu ainda estava em Fortaleza, mas o husband já estava morando em Osacity, e estava no interior de São Paulo, viajando a trabalho, e sequer pode ir ao enterro.

Quando os nossos sobrinhos e afilhados ficam doentes (o mais novinho teve uma pneumonia mês passado, uma agonia só...), a gente também fica aflito, querendo notícia... Além disso, nunca sabe se estão contando tudo ou aliviando um pouco pra nos poupar...

E nessas horas a saudade aperta, sabe? Você percebe, com o perdão do clichê, a vulnerabilidade da vida.

Outro dia, um senhor veio consertar o fogão daqui de casa, que desde que a gente tinha comprado tinha problema no forno (isso já fazia quatro meses). Já tinham vindo outros técnicos, consertado outros problemas, etc, e nada resolvia. Resumindo, aquela já era a quarta visita. O homem trocou o acendedor do forno, inteiro, colocou um novo, e não funcionou. Sabe o que ele disse? Que o acendedor estava ok, mas infelizmente a válvula do gás tinha quebrado. Quando eu falei que era muita coincidência, ele falou o seguinte: "Ô Dona, isso aqui é igual à gente, igualzim uma pessoa: nós tá aqui bonzim, de repente, puff".

Eu posso com uma dessas?

Agora é sério...

Todo dia, simplesmente TO-DO dia eu ligo lá pra casa (obrigada, operadoras de celular que fazem promoções maravihosas!!!). É um jeito de tentar diminuir a distância.

Enfim, como é que a gente faz pra se preocupar menos, hein?

---xxx---


Sei que às vezes uso palavras repetidas,
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Fortaleza e Recife

E aí eu andei sumida, né?

Fui pra Fortaleza, terra de quentura-praia-camarão-família-tudo-de-bom.

Era o aniversário da de cabelos rebeldes, que não estava de cabelos rebeldes, mas sim arrumadíssima, como uma verdadeira semi-debutante, no auge de seus cinco anos de idade, de cabelos devidamente escovados e pranchados.

E pra fazê-la entender que aquele dia era apenas o da comemoração, e não o do aniversário propriamente dito?

E quando ela perguntou pro pai(concurseiro-bitolado-que-não-vai-a-nenhum-evento), dias antes:

- Pai, o senhor vai pro meu aniversário?
- Claro, minha filha! Por que o papai não iria?
- O senhor num vai ficar em casa estudando não?

Me diz aí se pode um negócio desses?! Ê vida difícil essa nossa.

E por falar em concurso, dia 26 fui pra Recife fazer prova: mais uma para o meu currículo de: "fiz o perfil, mas não vai dar pra entrar".

All right, outros concursos virão. Aos menos concursos estaduais, já que a digníssima Presidenta resolveu nos deprimir ainda mais suspendendo (será que suspende mesmo?) os concursos federais.

Na segunda eu fui assistir aula - bendito sejam os cursos via satélite, que nos permitem assistir aula em inúmeros locais do Brasil! - e uma criatura que eu nunca tinha visto na vida (até porque eu nunca tinha assistido aula naquela unidade do curso) me perguntou se eu poderia gravar num pendrive para ela as aulas de quinta e sexta da semana anterior.

Acontece que eu sou perfeccionista com o meu caderno. #Fato. Na faculdade, ou melhor, desde o colégio, o meu caderno era aquele que o povo pedia pra bater cópia, sabe? Então tipo assim, eu CON-FES-SO: eu tenho ciúme do meu caderno!!!!! E podem me chamar de nerd, de egoísta, do escambau. F$#a-se. Por causa de peninha que eu já tive de um colega da faculdade, que tinha ficado de final e me implorou pra tirar cópia do caderno de Direito Empresarial, até hoje eu espero que ele me devolva esse caderno, que era uma relíquia.

Mas enfim, na hora que essa menina me pediu, os anjos do céu tocaram as harpas, Nossa Senhora desceu lá de onde ela tava, Jesus disse Amém, sei lá. Eu simplesmente calei, peguei o pendrive e copiei pra ela. Claro, copiar os arquivos não ia me prejudicar em nada, afinal, não tinha perigo de eu perder o arquivo. Mas diz aí se não foi muita cara-de-pau dela, sem nunca nem ter me visto???

O pior foi que quando eu devolvi o pendrive ELA NEM ME AGRADECEU. Tava conversando com umas outras amigas (às quais ela poderia ter pedido, não pediu os arquivos), e só depois disse um "ah, valeu". Mermão, valeu não é obrigado!

Mas tudo que Deus faz é bem feito.

Fiquei alguns minutos ruminando silenciosamente a minha raiva, até lembrar de uma coisa que tinha acontecido exatamente uma semana antes: meu netbook tinha travado, simplesmente do nada, e o último backup que eu tinha feito das aulas tinha sido há mais de um mês. Eu fiquei louca, neam? Tentei de tudo, mas nada deu certo. Chorei feito uma desesperada, com medo de perder o quê, o quê? As minhas TÃO PRECIOSAS ANOTAÇÕES.

No auge do desespero, pedi a Deus que fizesse o computador funcionar, que eu assumiria o compromisso de fazer alguma caridade a um completo desconhecido, alguma coisa que ele me mostraria, na hora certa, que não seria eu a escolher (aham, já deu pra imaginar, né). É que eu suspendi por um tempo as promessas (v. post da coca-cola). E então não prometi nada concreto.

Pois é. Deus tinha colocado aquela sem noção (é, porque ela é sem noção mesmo) no meu caminho pra que eu pudesse cumprir a minha "promessa". E usou justamente o que pra mim tinha sido o mais precioso: as minhas anotaçõezinhas tão bonitinhas.

Agora já pensou se eu tivesse negado o que a menina tinha me pedido?

quarta-feira, 9 de março de 2011

4 anos de casamento, 11 de namoro, e Fernando Pessoa fala por mim...

Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.


Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.

E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma 'strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.

Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe...

quarta-feira, 2 de março de 2011

1 ano sem refri

No dia 25 de fevereiro do ano passado, saiu o resultado do concurso do meu amado marido.

Acordei, assim como nos dias anteriores, com o barulho do estabilizador do computador. Imaginei que ele já estava sentado na cadeira, tentando ver se o resultado tinha saído no Diário Oficial da União daquele dia. "Saiu, amor!!!"

Dei um pulo da cama e corri pro gabinete - pausa dramática: ai que saudade do nosso apartamento... - Ele tava passando mal, mesmo. Coloquei a mão no peito dele e estava aos pulos, nunca tinha visto daquele jeito. Na primeira fase, ele tinha ficado entre as últimas vagas, não podia cair mais do que 15, 20 posições.

Mas quando a gente viu o resultado da 2ª fase lá estava ele, bem acima, tinha subido mais de 200 posições... Ai, foi um alívio e uma felicidade sem tamanho. Depois de tanto sacrifício, tanto tempo sem trabalhar, tantos estresses... Ele merecia! E eu também!

Mas enfim, o que o refrigerante tem a ver com tudo isso?

É que, se ele passasse, teríamos que cumprir algumas promessas que tínhamos feito a Nossa Senhora Aparecida. Uma delas era visitar a Basílica, em Aparecida do Norte, o que fizemos recentemente, quando os meus sogros vieram a Osacity, em dezembro. Olha a foto que tirei:

(essa é a imagem original de Nossa Senhora Aparecida, achada nas águas do Rio Paraíba)

E outra promessa, a que explica o título deste post, foi a de que ficaríamos um ano sem beber nenhum refrigerante. Nenhum mesmo. E aí entrava coca-cola, guaraná (até kuat, aquela porcaria), fanta uva, laranja, etc, e essas águas com corante, tipo H2O, Aquarius...
Dia 28 de fevereiro do ano passado fizemos a nossa despedida.
Um ano se passou e o dia da glória chegou:


Vale ressaltar que as coquinnhas estavam devidamente dormidas, ou seja, foram compradas com antecedência, e ficaram descansando em berço esplêndido, na geladeira, pra ficar no ponto.

Quando cheguei da aula fomos rezar o terço, pra agradecer esse ano MA-RA-VI-LHO-SO que Deus nos deu, com a intercessão de Nossa Senhora, e depois fomos nos preparar para esse momento de emoção.

Algumas pessoas me perguntaram por que eu não ficava logo sem beber de uma vez, já que tinha ficado um ano sem beber. Porque eu não quero, oras! E porque acho que, com moderação, não irá me fazer mal! Mal faz é cigarro, cachaça... E olha que uma das pessoas que me "aconselhou" a parar de beber refri bebe (bebiba alcóolica) quase todo dia.

Outra me disse que isso não era sacrifício, que sacrifício mesmo era juntar o dinheiro de todas as cocas que eu não tinha bebido e dar aos pobres. Acho sinceramente que todos devem fazer pelo menos um pouco de caridade, sim, mas não se deve sair por aí dizendo o que se faz ou se deixa de fazer.

Além disso, cada um sabe o que é sacrifício para si. Se pra mim sacrifício é passar um ano sem beber refrigerante, pra uma amiga minha sacrifício é passar um mês sem ir pra academia. Meu marido até cogitou incluir na promessa o chocolate, mas achou que seria forte demais e não aguentaria. Resolveu fazer só durante a páscoa. Quase morre. Já pra mim, não seria quase nenhum sacrifício. Enfim, não dá pra ficar medindo os outros com a própria régua.

Voltando à coquinha (é estranho escrever assim, mas não achei uma forma melhor), foi bom demais! Estava geladérrima! Só achamos um pouco doce. Impressionante como o paladar se acostuma. Já o guaraná e a coca-zero não achamos tanto.

O melhor de tudo é saber que o tempo passou e tudo deu certo, mesmo sendo os planos de Deus tão diferentes dos nossos.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O pedagogo

No fim da tarde quente, não tomou a chuva por surpresa.

Saiu apressada, mas ainda na hora, na exata hora.

De longe o viu andando, devagar, meio penso, com a sacola de livros pendurada no andador.

E ainda de longe o viu encarar a parte do trajeto que era descoberta, e decidir enfrentar sem olhar para os lados ou para trás em busca de ajuda.

Apressou o passo e o alcançou quando ele já progredira uns três ou quatro metros.

Estendeu o guarda-chuva e ouviu o agradecimento, mais no diminuir da passada e da respiração já ofegante do que propriamente no "valeu" dito.

Alguns passos de silêncio depois, ouviu-o dizer que a mãe certamente reclamaria dos tênis molhados, da barra da calça encharcada. Perguntada sobre o professor da aula do dia, disse-lhe que não era de sua sala, e aproveitou para perguntar que curso fazia.

E achou irônica a resposta - "pedagogia".

E fora pelo rapaz confundida com uma das "senhoritas", como ele disse, de sua classe - seriam muitas.

Até então tinha seguido de cabeça baixa, procurando as poças d'água menos cheias, o que tinha sido em vão, uma vez que o seu acompanhante displicentemente pisava apenas naquelas em que seus calçados pudessem mergulhar por completo.

De rabo de olho, então, viu que ele era mais ou menos da sua altura, devia ser um pouco mais novo, cabelo castanho cortado baixinho.

Mas queria ver mais: se o nariz era adunco ou afilado, se os olhos eram escuros ou claros, se havia covas no queixo, rugas na texta, sinais na bochecha. Enfim, outros elementos que lhe vetassem a desonra futura de identificá-lo apenas pelo andador.

Mas entre submetê-lo ao constrangimento de uma encarada e permanecer na conversa superficial, escolheu a segunda opção, afinal já estavam chegando ao destino.

Viu-o subir um insensível degrau antes da última entrada.

Perguntou-lhe o nome. Era o seu em versão masculina.

Deixou-o no andar térreo e despediu-se.

E porque quis usar as pernas, ignorou o elevador e encarou os quatro lances de escada.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Os sonhos

Enquanto a Marcele poetiza os sonhos dela, a minha pobreza literária invade até as madrugadas em que efetivamente estou dormindo.

E se a vida gira em torno de: 1. um regime brabo; 2. vida de doméstica; 3. estudos?

Sidney Sheldon, pronto para que eu lhe conte meus sonhos?

1. Ontem sonhei que tava jantando alguma coisa bem gostosa. Esses sonhos são normais em época de regime. Já sonhei que tava comendo pizza, macarronada e até bolo de chocolate, e olha que nem sou muito fã de doce.

2. Também ontem sonhei que inventavam uma máquina
de lavar pano de prato. SIM! Uma máquina de lavar pano de prato! Era maravilhosa! Tinha umas funções de lavar "panos de prato bordados". Rá! Devo ter sonhado isso porque os meus são todos bordadinhos, a coisa mais linda, mamãe que fez. Olha só um dos bordados dela (invendáveis, diga-se de passagem):

E tenho que lavar todos na mão. Ai... E quando mancha de comida?
Até hoje tenho um que tá todo rosa, porque sem querer encostei na água do macarrão, ele manchou de coloral (ó negócio ruim de sair do caraléo), eu coloquei dentro de uma bacia com água e Vanish ("ah, amor, você devia ter colocado só a mancha, nera?" - foi o que o meu marido disse, um pouquinho mais inteligente do que eu!). Aí descobri uma nova forma de tingir panos de prato pra Barbie...

3. Anteontem sonhei que tatuava em mim o nome do cursinho que estou fazendo. Quando o meu marido via (beeem naquela hora) perguntava quem era aquele cara, que A-B-S-U-R-D-O era aquele. Como é que eu podia ter tido coragem de fazer aquilo, se nunca tinha feito sequer uma tatuagem pra ELE, que era meu marido! (Detalhe: não tenho tatuagens, nem sei se terei alguma um dia).

Se eu sonhar de novo alguma coisa bizarra dessas eu juro que sigo o conselho do meu marido e começo uma terapia. Ou então eu conto pra vocês. Acho que vai surtir mais ou menos o mesmo efeito...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vai um cafezão aí?

O que uma pessoa faz quando precisa estudar mas tá com os olhos criando remela de tanto sono? Toma CA-FÉ!

E quando não tem café em casa, o que ela faz? Pede pro marido COM-PRAR!

E no caminho do trabalho pra casa, lá se veio o husband com um café duplo (eu tinha pedido médio, mas não tinha, o que tinha era esse). Cinco e meia da tarde a garota aqui tomou bem meio litro de coffee, e passou o sono que foi uma beleza!

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Pausa: enquanto eu estou aqui escrevendo, o bebê da vizinha acabou de acordar... ele é tão fofo... (mas não é daquela vizinha mal educada que reclamou da barulheira da furadeira de outro dia não).

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O problema é que até agora o sono não veio. Deve ter sido praga da mamãe. É que eu falei com ela mais cedo e ela disse que eu tava muito mole, porque quando eu tinha "dez anos e fazia Antares" (que era um cursinho preparatório pro Colégio Militar e hoje já virou colégio) "chegava da aula dez horas e ainda ia estudar e no outro dia de manhã acordava bem cedinho e ia estudar de novo".

Minha mãe sempre me explorou, cerebralisticamente falando. Qualquer dia vou perguntar a ela o porquê de ela não ter feito isso com meus outros três irmãos...

Praga de mãe é freud.

Já assisti televisão (sob protestos), já estudei, e nada do sono vir.

Resolvi vir blogar e quando entrei no quarto do computer um ser não identificado voou na minha direção - isso é hora? (graças a Deus não era uma barata - bom, pelo menos pelo tamanho, acho que não, não gosto nem de pensar). Por onde foi que essa praga entrou? O que menos faço nessa cidade de ar puro é abrir as janelas daqui de casa...

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Até o bebê da vizinha já dormiu de novo. Deve estar sonhando com uma piscina de leite.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Meus professores


A primeira teacher de que tenho lembrança é a da alfabetização, a Tia Juliana, ainda na escolinha da Tia Neide. Era baixinha (naquele época eu já a achava baixinha, então ela devia ser mesmo), de cabelo preto e curto, voz mansa, tão calma... Até hoje quando a vejo ainda a chamo de Tia.

Depois veio a mudança pro colégio grande e eram duas professoras por sala, se não me engano, mas só me lembro de uma, a Tia Rita: cabelo estilo Chitãozinho e Xororó (dispensa descrições), meio acinzentado; batom bem vermelho ou rosa choque; calça de cintura alta (a moda é cíclica mesmo!). E carinho, muito carinho. Todo mundo era doido por ela.

Na terceira série, uma vez, eu saí de uma aula de artes da Tia Margarida com um "artesanato" feito de lata de leite, e resolvi dar a uma professora de quem eu gostava muito (nem vou falar o nome). E sabe o que ela disse? "O quê que eu vou fazer com isso?". Eu fiquei arrasada e voltei pra casa com a minha latinha e contei pra mamãe, que ficou indignada, mas nem foi atrás de confusão porque também trabalhava no colégio.

Teve também a Tia Albanice, na quarta série, que às vezes, no recreio, pagava lanche pra mim. Ela era loira, usava uns óculos fundo de garrafa bem grandes.

No Colégio Militar teve uma ruma. E tinha também os monitores. Nunca me esqueci do Sgt. Lauser, o da quinta série. No final do ano ele deu uma plaquinha a cada aluno da turma. Tenho guardada até hoje. O Sub Tietre, que faleceu bestamente, num acidente de carro, há poucos anos.

Quando saí do CMF tive um choque com a informalidade dos professores do Farias Brito. Ainda lembro que a primeira vez que quis ir ao banheiro, me levantei e fiquei esperando o professor, Severo, de Física, olhar pra mim (como fazíamos no CMF) - quase bati continência. Passei quase um minuto em pé e o professor continuou dando a aulinha dele, me ignorando. Já tava ficando feia a situação. Aí fui devagarzinho lá na frente, fui me aproximando, e ele dando aula, dando aula. Até que eu bem baixinho falei: "Professor?" "O que foi?" "É que eu gostaria de saber se posso ir ao banheiro?", "Claro que pode, por que ainda num foi?". Afe, eu achei aquilo tão absurdamente não-hierárquico, tão insolente da minha parte. Imagine só, ir ao banheiro sem pedir permissão ao professor. E ainda praticamente levar um carão se eu pedisse pra ir.

No terceiro ano, ainda no FB, experimentei o gostinho das aulas motivacionais que só os professores de cursinho sabem dar.

Ah, mas a melhor época mesmo foi a FA-CUL-DA-DE. Até então eu não tinha ideia do papel de um professor na vida de um ser. Na faculdade de Direito, existem inúmeros professores Juízes, Promotores, De(u)sembargadores, quando não, nessas faculdades das grandes capitais, Ministros. O problema está quando eles pensam que a sala de aula é a Secretaria de Vara onde eles trabalham, em que podem exercer a autoridade sem limites, sem restrições, sem cobranças e sem contraprestação. Ou quando não são nada disso e querem fazer da sala de aula um espaço de auto-afirmação. Mas há também almas boas, razoáveis.

Bom, essa baboseira todinha foi pra dizer que ontem me senti novamente no terceiro ano. O professor se empolgou tanto na motivação do povo, logo no começo da aula, que eu fiquei "cos ói chei d'água".

E o que faz a diferença entre um professor ruim, um professor bom e um professor que vai marcar a sua vida? São esses detalhes, essas pequenas poções de sabedoria, essas gotas de conhecimento por vezes não jurídico, que são soltas despretensiosamente ou não e que por um motivo ou outro fazem o meio do seu peito pungir, por aflição, por identificação ou qualquer outro sentimento que simplesmente não se explica.



* Na foto, Colégio Militar de Fortaleza.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

1º dia no colégio...


Sabe criança quando volta das férias e vai pro 1º dia de aula, no transporte escolar, com mochila nova, caderno novo, lancheira nova com suquinho e maçã arrumados pela mamãe, na expectativa de conhecer os coleguinhas novos?
Pois é...
Ontem eu comecei o cursinho.
Lá fui eu, num look toda estudante, de mochila e sapatilha.
E como as coisas mudam:
- no lugar do caderno, um netbook;
- substituindo o professor, duas televisões;
- ao invés do transporte escolar, husband's delivery;
- na hora do recreio, nada de lanche e sim quinze minutos cronometrados nas benditas televisões, suficientes apenas para perguntar o nome de duas ou três coleguinhas e maiores informações sobre o curso.

Fico imaginando meus filhos chegando ao colégio e se deparando com um robô dando aula... Na televisão, lógico, para milhares de pontos no mundo ao mesmo tempo...